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Lula busca solução mágica para reduzir inflação dos alimentos em meio à queda de popularidade

  • Foto do escritor: Panorama da Semana
    Panorama da Semana
  • 24 de jan.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 30 de mai.

Lula busca solução mágica para reduzir inflação dos alimentos em meio à queda de popularidade

Lula busca solução mágica para reduzir inflação dos alimentos


Com as eleições de 2026 no horizonte e uma queda em sua popularidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensifica esforços para enfrentar um dos maiores desafios econômicos que afetam diretamente a percepção pública e o bolso das famílias de baixa renda: a alta nos preços dos alimentos.


Após impulsionar a inflação geral em 2024, o custo dos alimentos começou o ano de 2025 com um aumento superior a 1% em apenas um mês, de acordo com a prévia da inflação de janeiro divulgada na última sexta-feira (24).


O governo encerrou 2024 com uma queda de 16 pontos percentuais na avaliação positiva, o que gerou uma maior urgência por ações. Na quarta-feira (22), o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que o governo estava elaborando um "conjunto de medidas" para reduzir o preço dos alimentos. No entanto, horas depois, ele revisou sua declaração, substituindo "intervenções" por "medidas".


Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se manifestou na noite de quinta-feira (23), sem mencionar medidas específicas, mas afirmou que a queda do dólar e o aumento da safra ajudariam a controlar a inflação alimentar.


Na manhã de sexta-feira (24), o presidente e seus ministros se reuniram para discutir possíveis soluções. Dentre as propostas que seriam apresentadas a Lula, estavam ajustes nas taxas de vales alimentação e refeição, além de sugestões para tornar o benefício mais flexível e aliviar a carga tributária sobre os trabalhadores dos supermercados. A proposta de alterar o prazo de validade dos produtos nos mercados, que havia gerado críticas, foi descartada por Rui Costa.


Ao sair da reunião, o ministro da Casa Civil revelou que Lula pediu um novo plano Safra, com foco em aumentar a oferta de alimentos e conter a inflação, e afirmou que o governo não adotará congelamento ou tabelamento de preços. “Não haverá fiscal do Lula na feira”, disse Costa. Além disso, Lula pediu uma atenção maior para as políticas agrícolas existentes, especialmente para os produtos que fazem parte da cesta básica, com o uso mais eficiente dos recursos já disponíveis.


Apesar dos esforços do presidente Lula e sua equipe para demonstrar ação, a missão de reduzir os preços dos alimentos no curto prazo se mostra complexa. A inflação dos alimentos é impactada por uma série de fatores que fogem ao controle do governo, como o volume de produção e as condições climáticas, além de outros elementos sobre os quais o governo tem influência limitada, como os custos de insumos.


Allan Augusto Gallo Antonio, professor de Economia e Direito e pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (MackLiber), questiona quais ações diretas o governo poderia adotar, além da "óbvia contenção de gastos e redução de tributos sobre a cadeia produtiva".


Em um artigo, o professor levantou dúvidas sobre a viabilidade de medidas mais drásticas. "Será que o governo pretende controlar fatores climáticos ou reverter permanentemente a valorização do dólar frente ao real? Que tipo de 'conjunto de medidas' milagrosas poderia conter a inflação sem recorrer às antigas e fracassadas tentativas de controle artificial de preços, que historicamente resultaram em desabastecimento e surgimento de mercados paralelos?", questionou.


Governo rejeita medidas de intervenção para reduzir a inflação dos alimentos


Rodrigo Marinho, presidente do Instituto Livre Mercado (ILM), criticou a tentativa do governo de intervir no mercado sem considerar os princípios básicos de oferta e demanda. Ele ressaltou que, mesmo com a promessa de evitar medidas artificiais, qualquer intervenção estatal gera receio entre os produtores. “Embora o ministro tenha afirmado que não haverá tabelamento, qualquer tipo de ação governamental gera insegurança. Tentaram isso no caso do arroz, após as enchentes no Rio Grande do Sul, e não deu certo. Parece que não aprendem com os erros”, afirmou Marinho em entrevista ao Estadão.


Marinho também apontou que a inflação dos alimentos está mais relacionada a fatores estruturais da economia, como a falta de ajuste fiscal e a desvalorização do real, do que a questões pontuais. “Essas são questões conjunturais, mas o governo parece acreditar que há uma solução mágica para o problema”, comentou.


O economista Cláudio Shikida, especialista do Instituto Millenium, também levantou dúvidas sobre a eficácia das “medidas” propostas pelo governo. “Governos frequentemente tentam intervir no mercado, mas a Ciência Econômica nos ensina que essas intervenções nem sempre produzem os resultados esperados e podem gerar consequências indesejáveis para todos”, afirmou Shikida.


Inflação alta, queda na popularidade e o começo da corrida eleitoral de 2026


Na primeira reunião de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva proibiu os ministros de anunciarem novos programas e reforçou a importância de uma comunicação mais eficaz sobre as ações do governo. Durante o encontro, o tema da inflação também foi abordado, com um olhar voltado para as eleições de 2026.


“Todos os ministros sabem que os preços dos alimentos estão elevados. Nossa responsabilidade é garantir que esses produtos cheguem à mesa dos trabalhadores, das donas de casa e de todo o povo brasileiro, com valores compatíveis com o salário que recebem”, afirmou Lula. Ele também destacou que “a eleição do próximo ano já começou” e reforçou a necessidade de o governo trabalhar para entregar aquilo que a população realmente precisa.


De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Paraná Pesquisa em 18 de janeiro, 65,7% dos brasileiros notaram aumento nos preços nos supermercados, enquanto 20,6% disseram que os preços permaneceram os mesmos e apenas 11,6% observaram uma redução.


A inflação tem grande influência na percepção popular sobre o governo. Uma pesquisa da Gerp revelou que 50% dos entrevistados desaprovam a gestão de Lula, enquanto 38% aprovam e 12% ficaram em dúvida ou não responderam.


Os dados do IPCA, coletados pelo IBGE, mostram que o preço médio dos alimentos aumentou quase 50% nos últimos cinco anos, superando o índice de inflação geral em três desses anos. No primeiro ano do governo Lula, a inflação dos alimentos foi de apenas 1%, mas em 2024, esse aumento foi de quase 8% em média.


Alimentos mais caros


Nos últimos cinco anos, o preço dos alimentos aumentou mais do que a inflação geral em três desses anos. Nesse período, os custos de alimentos e bebidas subiram cerca de 50% em média.

Lula busca solução mágica para reduzir inflação dos alimentos em meio à queda de popularidade
Fonte: IBGE

Clima e produção agrícola podem ajudar a reduzir a inflação dos alimentos


Para 2025, as previsões relacionadas às condições climáticas e à produção agrícola são mais otimistas. Segundo um relatório da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), espera-se uma desaceleração no aumento dos preços dos alimentos, com uma alta de 5,75% em 2025, impulsionada pela recuperação da safra.


Matheus Dias, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), destaca que o clima favorável pode aumentar a oferta de alimentos, o que, aliado a uma demanda estável, pode resultar em queda nos preços. Em 2023, durante a safra recorde, o custo da alimentação permaneceu praticamente inalterado, conforme medido pelo IPCA.


Por outro lado, em anos de condições climáticas desfavoráveis e quebra de safra, como ocorreu em 2024, a tendência é que os preços subam. Um exemplo disso é o café, que teve um aumento superior a 40% para o consumidor em 2024, devido aos problemas de produção no Vietnã e no Brasil, os maiores produtores mundiais. Sem previsão de recuperação rápida na produção, os preços podem continuar a subir.


A carne, especialmente a picanha, segue o mesmo padrão. O aumento no abate de bovinos em 2023 e 2024 aumentou a oferta, o que reduziu os preços, principalmente no primeiro ano do governo Lula. Porém, com a diminuição do número de animais para abate e engorda, os preços começaram a subir novamente em 2024 e, com a oferta reduzida, a tendência é de preços mais altos.


Dólar elevado, exportações e demanda impulsionam a inflação dos alimentos


Nem todos os fatores que afetam a inflação estão fora do controle do governo. Cristina Helena de Mello, professora de Economia da PUC-SP, aponta o impacto do câmbio como um fator relevante. O dólar apresentou uma alta significativa ao longo de 2024, em parte devido à desconfiança do mercado em relação às contas do governo Lula.


A desvalorização do real torna as importações mais caras, impactando a produção de alimentos, que depende de insumos dolarizados, como fertilizantes. Além disso, a valorização do dólar torna as exportações brasileiras mais vantajosas. Isso eleva a demanda externa pelos produtos alimentícios, o que, por sua vez, reduz a oferta no mercado interno e pressiona os preços para cima.


O governo de Lula busca agir sobre as alíquotas de importação de alguns produtos, como afirmou Rui Costa após reunião do governo. “Para produtos com preços internos superiores aos internacionais, vamos reduzir as alíquotas, tentando trazer os preços para patamares mais próximos ao mercado global. Não é justificável manter preços mais altos no Brasil em relação ao exterior”, disse Rui Costa.


Cristina Helena também observa que a ampliação da demanda interna contribui para o aumento dos preços. Grande parte dos gastos públicos aumentou com a ampliação de transferências de renda, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), além do reajuste do salário mínimo acima da inflação. Isso eleva a procura por alimentos e exerce pressão sobre os preços. Nesse cenário, muitas pessoas acabam substituindo determinados produtos por alternativas mais baratas.


Medidas de longo prazo para controlar a estabilização dos preços


Para evitar que o aumento da demanda leve à elevação dos preços, é necessário expandir a oferta. Esse foi o caso em 2023, quando houve uma safra recorde, mas não se repetiu em 2024. Embora o preço da carne e do café tenha mostrado uma tendência de alta, uma supersafra de grãos pode ajudar a suavizar a inflação de outros produtos.


“Teremos uma grande safra, e o dólar segue uma trajetória de queda, embora possa ser afetado pontualmente por especulações. Produtos como leite, café, carne e frutas serão diretamente impactados positivamente”, afirmou Haddad na quinta-feira.


Cláudio Shikida sugere que, por parte do governo, a melhor forma de conter o aumento de preços seria incentivar a competitividade e aprimorar o ambiente de negócios do país, buscando reduzir custos em todos os setores da economia. “A solução está em um ajuste fiscal com corte de gastos, combinado com a abertura econômica e esforços para melhorar as condições do mercado. Esse é o caminho de longo prazo”, afirma.


Ele se mostra cético quanto a medidas que busquem resultados imediatos. “Não existem soluções mágicas. As ações que mencionei podem ser implementadas gradualmente, com transparência e objetivos claros. Isso é o que se espera em uma democracia funcional. Ou pelo menos deveria ser”, concluiu.


Allan Augusto, do Mackenzie, observa que os estudantes de economia aprendem rapidamente algo que este governo parece ignorar: “As forças de mercado não se curvam ao voluntarismo político. E como a história já provou diversas vezes, desafiar essa realidade não leva ao progresso, mas ao retrocesso”.


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