Como o Tempo Funciona? A Física por Trás da Percepção do Passado, Presente e Futuro
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Como o tempo funciona é uma das perguntas mais fascinantes da humanidade. Sentimos ele passar devagar quando esperamos, voar quando estamos felizes e, às vezes, parece até “dobrar” em situações extremas. Mas o que a física moderna realmente diz sobre isso?
Neste artigo você vai entender, de forma clara e profunda, como o tempo funciona segundo Einstein, a termodinâmica e até a mecânica quântica — e por que nossa percepção do passado e do futuro é tão diferente.
O Que é Tempo, Afinal? A Visão Clássica vs. a Revolucionária
Antes de Einstein, o tempo era visto como absoluto: um relógio universal que marcava o mesmo ritmo para todos, em qualquer lugar do universo. Newton acreditava nisso.
Tudo mudou em 1905 com a Teoria da Relatividade Especial. Einstein provou que o tempo não é absoluto — ele depende de quem observa e da velocidade. Isso é chamado de dilatação temporal.
Exemplos reais de dilatação do tempo
Astronautas na Estação Espacial Internacional envelhecem 0,007 segundos a menos por cada 6 meses no espaço (devido à alta velocidade orbital).
Partículas chamadas múons, que vivem apenas 2,2 microssegundos na Terra, chegam à superfície vindo do espaço porque, em alta velocidade, o tempo delas passa mais devagar do ponto de vista terrestre.
Na Relatividade Geral (1915), Einstein foi além: gravidade também curva o tempo. Quanto mais forte o campo gravitacional, mais lento o tempo passa.
> Um relógio no topo do Monte Everest anda ligeiramente mais rápido que um no nível do mar. Em buracos negros, o tempo praticamente para para um observador externo.
Por Que Só Lembramos do Passado e Não do Futuro? A seta do tempo
Aqui entra a termodinâmica. A segunda lei da termodinâmica diz que a entropia (desordem) do universo sempre aumenta.
Um ovo quebrado não volta a se formar sozinho. Um perfume espalhado não volta ao frasco.
Essa é a famosa seta termodinâmica do tempo — a razão física pela qual percebemos uma direção clara: passado → futuro.
Mas e na escala microscópica?
As leis fundamentais da física (equações de Newton, Maxwell, Schrödinger e até a relatividade) são reversíveis no tempo.
Se você gravar partículas colidindo e rodar o vídeo ao contrário, ainda parece fisicamente possível.
Por que então o universo inteiro “escolheu” uma direção? Esse é um dos maiores mistérios da física atual.
A explicação mais aceita é que o universo começou em um estado de entropia extremamente baixa logo após o Big Bang — e desde então está “desarrumando”.

O Tempo é uma Ilusão? A Visão do Bloco Universo
Na teoria do bloco universo (ou eternalismo), defendida por muitos físicos após Einstein, passado, presente e futuro coexistem em um “bloco” 4-dimensional.
O que chamamos de “agora” seria apenas uma fatia que a nossa consciência percorre — como um marcador em um DVD.
Brian Greene, físico da Universidade de Columbia, explica:
> “O futuro já está lá. O passado ainda está lá. O que muda é apenas a nossa posição no bloco.”
Isso explicaria fenômenos estranhos da mecânica quântica, como o entrelaçamento, onde partículas parecem se comunicar instantaneamente — violando nossa intuição de causa e efeito no tempo.
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Como o Tempo Funciona no Cérebro Humano?
Nosso cérebro não percebe o tempo de forma linear e contínua. Ele constrói o “agora” com atrasos:
A luz leva ~100 ms para ser processada no córtex visual.
Sons levam ainda mais.
O cérebro “preenche” esses atrasos para criar a ilusão de um presente contínuo. Experimentos do neurocientista David Eagleman mostram que podemos reorganizar a ordem de eventos em até 80 ms — ou seja, o cérebro decide o que “aconteceu primeiro” depois do fato.
O Futuro do Estudo do Tempo: Viagem no Tempo é Possível?
Teoricamente sim, mas com limitações brutais:
Buracos de minhoca poderiam conectar pontos diferentes no espaço-tempo (solução da Relatividade Geral).
Máquinas do tempo de cilindros rotativos (solução de Kurt Gödel e Frank Tipler).
Mas todos exigem energia negativa ou quantidades absurdas de massa-energia — coisas que talvez nunca consigamos produzir.
Stephen Hawking propôs o “princípio de proteção cronológica”: o universo impediria paradoxos (como matar seu avô no passado).
Conclusão: Como o Tempo Funciona é Mais Estranho que Ficção
O tempo não é uma linha reta, absoluta e universal. Ele é maleável, relativo, curvado pela gravidade e pela velocidade.
Nossa percepção do passado e futuro surge da entropia crescente e da forma como nosso cérebro reconstrói a realidade.
Como o tempo funciona continua sendo uma das maiores fronteiras da física — e talvez nunca tenhamos uma resposta final. Mas entender essas ideias nos faz olhar para cada segundo com um pouco mais de assombro.
Data da atualização em: 5 de dezembro de 2025
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Fontes e Referências Confiáveis
Einstein, A. (1905). Zur Elektrodynamik bewegter Körper. Annalen der Physik. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/andp.19053221004
Hawking, S. (1992). Chronology protection conjecture. Physical Review D.
https://journals.aps.org/prd/abstract/10.1103/PhysRevD.46.603
Brian Greene – “The Fabric of the Cosmos” (Capítulos sobre tempo e espaço-tempo)
Carlo Rovelli – “A Ordem do Tempo” (livro acessível e profundo)
https://www.theguardian.com/books/2018/may/05/the-order-of-time-by-carlo-rovelli-review
Artigo da NASA sobre dilatação temporal em GPS:
https://www.nasa.gov/image-article/einsteins-theory-of-relativity-critical-gps-seen-distant-stars/
Experimentos de David Eagleman sobre percepção temporal:
"O tempo não espera ninguém - mas agora você entende um pouco melhor por quê." 🕰️
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